terça-feira, 20 de junho de 2017

Anos 80: Watchmen, O Cavaleiro das Trevas e Sandman

Uma nova visão tinha sido aberta graças a Marvel, mas foi com a DC Comics que as histórias em quadrinhos atingiram um patamar nunca antes atingido. Seguindo as mudanças que surgiram na década de 60, muitos roteiros com conteúdo mais pesado e temáticas abrangentes surgiam. Uma delas que se destaca é Watchmen.
Nela temos um roteiro escrito por Alan Moore e desenhado por Dave Gibbons. Aqui podemos ver o que poderia acontecer se heróis REALMENTE existissem em nosso mundo. No contexto desse enredo, os Estados Unidos não perderam a Guerra do Vietnã, além de obter um salto tecnológico. Tudo isso devido ao surgimento de um ser onisciente e onipotente chamado Doutor Manhattan. Ele consegue controlar toda a matéria em níveis moleculares. Sem contar que nele, os vigilantes mascarados existem, mas em pequeno número, membros do antigo grupo Minutemen. Porém, alguém vem tentando eliminar os antigos membros da equipe. Começando por aquele que ainda servia o governo americano, o Comediante.
Já em Cavaleiro das Trevas, temos um futuro onde o Batman não existe mais. Ou melhor dizendo, em que Bruce Wayne desistiu da vida como Homem-Morcego. Mais idoso, e com problemas físicos, ele sente que algo está errado em Gotham. E assume mais uma vez o manto como herói. Contudo, quando ele volta à ativa isso chama atenção de novos e velhos vilões. Sem contar o olhar ferrenho do governo americano que não admite mais vigilantes. Fazendo o próprio Superman ser escalado para lidar com o problema.
Com Sandman, a história tomou outra narrativa. Literalmente. Sandman era um personagem vindo da Era de Ouro, que deve várias encarnações. Contudo, a DC estava disposta a revitaliza-lo. E escalaram a pessoa certa para isso.
Em 1988, Sandman ganharia uma cara nova cara pelas mãos do inglês Neil Gaiman. Ele já tinha feito um excelente trabalho com a personagem Orquídea Negra a revitalizando. E reestruturou esse personagem também. Para começo de conversa ele não seria mais um herói. Na verdade, seria um ser bem diferente pela sua nova história de criação. Com pele pálida, um visual mais próximo de roqueiro, ao estilo de Robert Smith do The Cure. Sem contar que como era o mestre do plano dos sonhos seria mais misterioso. Em resumo: ele não seria mais um aventureiro. Ele é o próprio Sonho. Um quadrinho com temática mais voltada para os adultos.
Sandman nessa história seria um dos membros de uma família bem peculiar e diferente: os Perpétuos ou Sem-Fim. Seres superiores aos deuses. São compostos por Morte, Desejo, Delírio, Destino, Desespero, Destruição e Sonho. Como pode notar, boa parte deles começa com D, mas isso só em português. Em inglês temos Dream (Sonho) e Death (Morte). Muitas de suas histórias ocorrem por conta de desavenças ou contato entre ele e seus irmãos.
Ele é tratado por vários nomes: Mestre dos Sonhos, Lorde Morpheus, Sonho, Kai'ckul, Oneiros, Lorde Moldador, entre tantos outros nomes. Um grupo de místicos liderados por Roderick Burgess aprisiona o personagem em 1916, dentro de uma redoma transparente. Na verdade, eles queriam sua irmã (no caso Morte), pois assim poderiam obter a imortalidade. Depois de um longo tempo aprisionado, ele se libera e descobre que seu mundo (O Sonhar) ficou uma bagunça. Sem contar que seus itens roubados, quando foi preso, foram espalhados pelo mundo. Sua algibeira, com areia dos sonhos, estava entre as posses de John Constantine. Seu elmo foi entregue a um demônio, o que lhe fará ter que lidar com o próprio Lucífer. Por último, ele terá que combater Doutor Destino para conseguir de volta o seu rubi, um vilão da DC.
No caso de Watchmen e O Cavaleiro das Trevas, nós temos uma população no enredo, que já se acostumou com heróis. Tanto que nem sempre os vem como “anjos salvadores” e sim como problemas a serem resolvidos. Ainda assim, não são todos que pensam assim. Podemos nos focar também nos mascarados que aqui são tratados de forma real. Envelhecendo, se irritando e com falhas morais extremamente mais aprofundadas. Como o uso de álcool e problemas cardíacos.
Em Sandman temos personagens sendo usados de maneira mais bem narrada, onde as lendas antigas são tratadas com mais realismo. Sem contar o encontro de coisas com teor mitológico e arcaico com coisas do período contemporâneo. Sexualidade, palavrões, violência, AIDS, homossexualismo, distúrbios mentais, são temas tratados muito próximos de coisas como rituais, mundos sobrenaturais, forças ocultas e cósmicas. De maneira tão boa que podemos nomear esses quadrinhos de adultos. Lembrando que esse personagem fez parte de uma divisão da DC Comics, ao qual se chama Vertigo.
Nos anos 80, a influência dos mangás e animes nos quadrinhos americanos se torna mais evidente. Através de outra obra de Frank Miller, Ronin. No enredo, um samurai perde seu mestre durante uma batalha contra o demônio Agat pela busca de uma espada encantada. Ambos são mortos ao mesmo tempo, e renascem num futuro distópico. Não foi muito bem recebida pelo público da época, por ser uma forma de contar histórias muito inovadora, mas foi muito aclamada pela crítica. Talvez isso tenha feito essa obra se tornar uma história em quadrinhos um tanto desconhecida. Muitas de suas inspirações foram de origem nipônica, como Lobo Solitário entre outros.

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