quinta-feira, 4 de agosto de 2016

Ninjas: as sombras do Japão

Por volta do século XIV, uma nova classe de guerreiros começava a surgir: os ninjas. Mais conhecidos por lá como shinobis. Eles não passaram só a se defender dos samurais, como ataca-los, surpreende-los, e algumas vezes, os vencendo. Sobre sua índole, pouco se sabe. Eles transmitiam seus ensinamentos só de forma oral, de geração em geração, por isso não existem muitos documentos reais e autênticos sobre eles.
Um shinobi, que pode ser traduzido como ladrão, era na verdade mais visto como espião que servia aos seus desejos e de seu clã. Ao longo do tempo, seus serviços foram contratados por daimyos e xoguns.
Logicamente para serviços obscuros que necessita de camuflagem, sabotagem, infiltração e assassinatos, para que não levantem suspeitas. Devido a suas habilidades de disfarce e a arte de iludir seus alvo, eles eram visto como lendas e um perigo para quem cruzasse seu caminho.
Há dados que dizem deles terem surgido antes do século XIV (no século VIII), só que eles não eram bem treinados no período.
Com a popularização de seus feitos nos serviços, mitos e crendices surgiram ao redor dela. Segundo algumas eles poderiam voar, andar sobre as águas, se tornar invisíveis, sumir após a explosão de um bomba de fumaças, passar por paredes e controlar os elementos da natureza.

A origem deles se deve as províncias de Iga e Koga, local onde habitavam. Se mantinham lá isolados e vivendo a margem da sociedade, formados por chineses e coreanos refugiados de guerra, além dos antigos clãs de samurais que perderam guerras. Assim, esses grupos criaram suas próprias regras e culturas.
Inicialmente, para se defenderem de ataques de clãs samurais, usando desde de bastões ou mera ferramentas rurais. Praticamente usando coisas do dia a dia como armas. Na luta de um ninja, não existem golpes baixos, sendo que se for necessário era jogado até areia nos olhos de um oponente. E ainda atacar quando o inimigo estiver caído no chão, apunhalar pelas costas, ou até mesmo, usar vantagens do terreno ou outras coisas contra quem quer que seja. Verdadeiros assassinos de aluguel. 
Eles tinham um lema tanto quanto contraditório: se puder, escape, se não puder escapar, mate. Essa é a base do pensamento filosófico do nippo, ou ninjutsu, arte marcial desenvolvida pelos ninjas.
Samurais e ninja, depois de certo tempo, começaram a utilizar armas e técnicas de embate corporal semelhantes. Só diferenciados mesmo pelas suas castas sociais. Enquanto os samurais eram compostos por nobres e aristocratas, os ninjas surgiam de camponeses ou samurais desonrados.
O ponto alto da história dos ninjas ocorre entre os séculos XIV e XVII, período de muitas guerras entre os senhores da época. Normalmente, daimyos os contratavam como espiões, ladrões de documentos e, lógico, assassinato. O xogum Tokugawa Ieyasu precisou do auxílio de shinobis para escapar de um ataque a Osaka com segurança. Como agradecimento a Hattori Hanzo, líder da expedição batizou o portão que dá acesso ao palácio do Imperador em sua homenagem (Hanzomon), sem contar que recebeu uma casa no Palácio Imperial, em Edo.
Entre alguns nomes famosos entre os ninjas reais (ou ao menos o quanto for possível comprovar):
Mochizaki Chiyome é na verdade uma kunoichi, ou seja, uma ninja mulher. Acreditasse que ela já tenha pertencido a nobreza, sendo esposa de um antigo senhor da guerra. Talvez, essa ideia de se tornar uma espiã e fundar um grupo de mulheres treinadas dessa forma, tenha sido influência de Takeda Shingen, importante samurai da época. Sem contra que era tio de seu marido, Mochizuki Nobumasa.
Ela conseguiu reunir um exército com trezentas mulheres jovens - sendo a maioria de orfãs, vítimas de guerra e prostitutas - e as treinou para espionagem e matar inimigos.
Ishikawa Goemon pode ser conhecido como um "Robin Hood asiático", sendo que roubava dos ricos para doar aos pobres. Nascido em 24 de agosto de 1558, Ishikawa Goemon foi morto antes de completar quarenta anos de idade.
Ele era um ninja aprendiz (genin), pertencente ao clã Iga, só que resolveu fugir e tornar-se um nukenin, pode ser traduzido como "ninja fujão". Assim formou um bando de ladrões temidos que atacavam mercadores, daimyos e sacerdotes, sempre com grandes riquezas.
Ele foi capturado ao tentar atacar Toyotomi Hideyoshi, poderoso daimyo e um grande responsável pela unificação do Japão. Sua morte foi uma tortura, sendo fervido vivo, enquanto segurava o próprio filho nos braços, acima da cabeça.
Hattori Hanzo, também era conhecido por Masanari ou Masashige. Ele acabou se tornando um servo fiel do xogun Tokugawa Ieyasu, o ajudando a subir ao poder para se tornar governante do Japão. Sempre sendo lembrado nas histórias por sua fidelidade. Enquanto serviu o xogunato foi considerado um dos melhores samurais de sua época, e feroz combatente. Esse último traço de sua personalidade lhe rendeu a alcunha de Oni-Hanzo, ou Demônio.

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